O termo original
Romantismo se refere ao movimento artístico, filosófico e político que surgiu
na Europa no século XVIII, indo até o século XIX, e vários conceitos desse
movimento permearam a cultura e os ideais, desde então.
Reconhecemos a
necessidade de viver uma relação afetiva que nos faça, e ao outro, plenos e
felizes, porém, quando falamos na atualidade em romantismo, geralmente nos
referimos a um romantismo infantilizado, baseado em carências, um tipo de amor
idealizado, muitas vezes utópico e que pode gerar para o outro e para a relação
uma carga de expectativas infantis que podem se transformar em obstáculos para
que esse relacionamento possa dar certo.
A idealização do
romantismo na relação geralmente coloca no outro a responsabilidade de nos
fazer felizes, ou em nós de fazermos o outro feliz, quando isso é impossível, e
mesmo não desejado.
Cada um deve buscar seu
equilíbrio e felicidade, e quando ambos estiverem bem consigo mesmos e com suas
vidas, amando a si mesmos e com amor suficiente para compartilhar, podem então
encontrar um ao outro, emocionalmente maduros, sem padrões de dependência, sem
esperar que o outro forneça algo que não temos para suprir nossas carências,
sem que tenha que nos dar aquilo que não recebemos de nossa mãe ou nosso pai, e
outras expectativas imaturas e infantis, causas de fracasso da maioria das
relações afetivas.
Esse é um tipo de
romantismo maduro, fundamentado em um padrão de equilíbrio emocional de ambos
parceiros, prontos para compartilhar o que tem em excesso, que também requer
atitudes românticas adultas, de cuidado, atenção e dedicação, e que desse modo
pode fazer uma relação dar certo.
Uma pessoa romântica
adulta e com maturidade emocional é aquela que primeiro está bem consigo mesma.
Sabe se amar, reconhece
suas qualidades e defeitos, busca o aprimoramento pessoal. Como se ama
plenamente, tem a oferecer ao outro o que tem em excesso, o amor e a abertura
para trocar, dar e receber. Tem
disponibilidade emocional, de tempo, prioriza a relação, é atenciosa, dedicada,
carinhosa e amorosa, faz gestos que demonstram que quer realmente que a relação
dê certo, fazendo o que o outro aprecia, agradando, reconhecendo e apoiando,
mas também cobrando e mostrando o que precisa evoluir na relação, que nunca
será perfeita, e é uma pessoa aberta para receber o mesmo de seu parceiro ou
parceira.
Segundo a visão
sistêmica de Bert Hellinger, criador das Constelações Familiares, de acordo com
as leis do Amor, toda relação só se mantém se houver uma troca contínua. Quem
recebe se torna “devedor” e se sente no papel de também suprir o outro pelo
tanto que recebeu. Isso não se faz por obrigação, mas por equilíbrio sistêmico
da relação, que assim cresce continuamente em amor. Em um momento recebemos, em
outro damos, harmonizando a balança do amor, que cresce e floresce
continuamente.
Quando só um tem essa
disponibilidade, dá e o outro somente recebe, haverá um desequilíbrio sistêmico
na relação, que tenderá a acabar, já que o equilíbrio de troca não se completa
igual e justamente.
Há diversas
características de romantismo nos relacionamentos. As ideias em relação ao amor
romântico são as mais diversas, geralmente utópicas e irreais, conforme o
padrão de relacionamento que modelamos e aprendemos, na nossa família de
origem, o que nos é mostrado cultural, étnica e socialmente, às crenças que
trazemos e idealizações que criamos durante nossas vidas.
Há quem acredite que o
amor romântico é aquele em que estamos disponíveis 100% de nosso tempo para o
outro, aquele em que damos sem exigir nada em troca, ou quando não podemos sair
do lado do outro nem olhamos para mais ninguém nem temos mais amigos, em que a
paixão avassaladora do início da relação tem que continuar igual durante toda a
vida, que não podemos negar nada, que não podemos nunca discordar do parceiro,
e outras ilusões infantis que criam conflitos e geram sofrimento e dificuldades
nas relações.
O amor romântico maduro
e adulto também é sujeito às emoções conflitantes e não totalmente resolvidas
que ainda temos. Ninguém é perfeito o suficiente para não mais sentir os
reflexos de sua sombra ainda não solucionada. Porém, a pessoa que busca o
autoconhecimento e aperfeiçoamento pessoal, e quer viver uma relação amorosa
madura, satisfatória e plena, reconhecerá quando sentir conflitos, limitações e
dificuldades que são suas, que possam gerar conflitos na relação, e procurará
solucionar consigo mesma seu problema, nunca os projetará no outro.
O amor é uma relação de
troca. Embora não devamos fazer algo na expectativa do retorno, e sim somente
com a intenção de dar para quem amamos, se o outro não for recíproco,
equilibrando a lei da troca, a relação será prejudicada.
Não se trata de uma
obrigação, nem deve ser algo imediato e automático, mas sim uma relação que
tenha em sua base o cuidado de ambos com o equilíbrio, recebendo e doando,
permitindo-se amar e ser amado, o que gera por si a harmonia na relação fazendo
com que cresça e evolua continuamente.
Quando falamos de
pessoa romântica madura, nos referimos à alguém que é atencioso, tem atitudes
amorosas e afetivas, cuida do outro demonstrando através de atitudes o que
sente, e a qualidade dessas atitudes varia de pessoa a pessoa.
Há aqueles que são mais
ou menos carinhosos, que demonstram através de gestos, ou presentes, ou
palavras o que sentem, os que são mais ou menos detalhistas, cada um com suas
particularidades e gostos próprios.
No início de uma
relação, as pessoas costumam agir de todas maneiras para agradar ao outro,
usando todos canais de acesso, visual (olhar), auditivo (palavras) e
cinestésico (toque), porém, com o tempo passam a agir com o outro da maneira
como gostariam de ser tratadas, agindo de acordo com suas preferências, e quase
sempre o outro tem maneiras diferentes de demonstrar seus sentimentos.
As pessoas devem viver
uma relação em que exista algum grau de afinidade. As diferenças pessoais
muitas vezes chamam a atenção e atraem no início de uma relação.
Uma pessoa extrovertida
e comunicativa pode atrair outra mais introvertida e vice-versa, já que aquilo
que não temos, geralmente nos atrai. Porém, com o tempo, as diferenças quando
intensas podem gerar dificuldades na relação.
Quando as pessoas não
são maduras, têm a vontade de mudar o outro, criticando, e julgando-o como
inadequado e errado. Nesse ponto da relação, as diferenças não mais atraem,
elas incomodam, e podem levar a feridas que se tornam incuráveis, se não houver
aceitação do outro como é.
Em uma relação madura,
cada pessoa tem que respeitar o espaço do outro. Demonstrar o amor através de atitudes,
gestos, cuidado, é algo positivo, porém, fazê-lo agressivamente demonstra que
busco preencher alguma carência minha levando-a para a relação e gerando
expectativas irreais.
Por outro lado, estar
em uma relação em que o outro não tem nenhuma disponibilidade para nosso amor,
e para nossas atitudes, mostra que não nos valorizamos o suficiente e aceitamos
as migalhas dessa relação geralmente por medo de ficarmos sós.
Amar e estar em uma
relação não significa que as pessoas devem estar grudadas o tempo todo, nem
somente olhar um para o outro. Cada um
tem aspectos da vida que não são compartilhados totalmente, e isso traz riqueza
e novas trocas para a relação. Se preciso que o outro olhe somente para mim,
viva para mim, sem que tenha um espaço em sua vida para suas próprias
atividades, acho que o outro é minha vida e não conseguierei viver sem sua
presença, isso significa que estou vivendo uma relação imatura, infantil,
repetindo um padrão de relação que esperava receber de minha mãe quando era
criança.
Amar e se relacionar
requer olhar para si e para o outro. Reconhecer seus próprios padrões e gostos,
e os de seu parceiro ou parceira. Não forçar ao outro algo que esse não
aprecie.
Quando queremos agradar
o outro fazendo aquilo que nós gostamos, e não o que o outro gosta, nos
portamos de maneira egoísta e controladora. A princípio parece que estamos
fazendo algo bom, mas em uma relação equilibrada, a troca deve ser boa para
ambos. Há momentos em que cedemos, outros em que cabe ao outro ceder. Numa
relação devemos provar que estamos certos ou fazer a relação dar certo?
Nem sempre faremos o
que gostamos, nem o que o outro gosta. O equilíbrio está na troca, no respeito,
no olhar para o outro e conhecer suas necessidades, limites e potenciais.
Se as pessoas têm
maneiras diferentes de demonstrar seus sentimentos, podem reconhecer a sua e a
do parceiro ou parceira, e como em toda troca equilibrada, procurar agir de
maneira a satisfazer as necessidades do outro, sem se violentar ou sofrer, mas
por amor e cuidado.
Podemos aprender a agir
de maneiras que são fora de nossos padrões e costumes. Isso não nos diminui,
mas sim enriquece nosso repertório afetivo e comportamental, e amplia a
possibilidade de crescer no relacionamento, já que agradaremos e seremos mais
agradados.
Isso é o que deve ser
feito em uma troca madura e adulta, dar e receber, exigir e ceder, amar e ser
amado.
Se o outro não se
mostra nunca disponível para receber nossos gestos, da maneira como somos, nem
nos agradar da maneira como apreciamos, pode mostrar um certo grau de egoísmo,
rigidez e falta de abertura.
Insistir em uma relação
abusiva, de dependência e codependência, fechada, egoísta, achando que irá
“mudar” o outro, é uma ilusão. Essa atitude evidencia nossas próprias carências
e dificuldades e, nesses casos, somos nós que precisamos de ajuda, não o outro.
Insistir em mudar o outro mostra que não temos o olhar para mudar aquilo que
ainda é desequilibrado em nossa própria maneira de amar.
O amor maduro requer
saber se adaptar ao outro e construir uma relação de troca. Por vezes faremos o
que não gostamos, mas não sempre. Por vezes o outro cederá também, por amor,
não por obrigação.
Dar e receber é uma lei
da Vida, que enriquece as relações, demonstrando maturidade, abertura e
crescimento.
Há diversas maneiras de
demonstrar que se ama, dependendo das nossas características individuais.
Geralmente, usamos todas elas no início de uma relação com a finalidade de
agradar o outro.
Demonstramos nosso amor
no início da relação por palavras, gestos, olhares, carinho, presentes,
cobrindo todo o espectro de diferenças de necessidades do outro, e assim
certamente acertamos naquilo que o agrada.
Com o tempo, se somos
por exemplo mais auditivos, falaremos ao outro o que sentimos, mas se ele for
mais cinestésico, priorizando o sentir e o toque, poderá não se sentir amado,
mesmo que as palavras amorosas e sinceras sejam ditas. A pessoa cinestésica
precisa de toque, de abraços e toques, e as palavras não serão suficientes para
que perceba o amor de seu parceiro.
Dr. Gary Chapman
explicou essas diferenças em seu livro “As 5 linguagens do Amor”, e afirma que
essas formas de vivenciar o amor são: toque físico, palavras de afirmação,
tempo de qualidade, atos de serviço e presentes. Cada pessoa tem suas preferências, e é nosso
papel na relação dar ao outro o que ele precisa, não somente o que nós gostamos
ou temos preferência. O outro deverá
fazer o mesmo, o que alimentará continuamente o amor na relação, aproximando os
parceiros e enriquecendo suas vidas e sua união.
Todos gostam e
necessitam ser reconhecidos em suas qualidades, ser admirados e apreciados por
quem são, receber demonstrações de amor, sentir que o outro se dedica à
relação, quer estar junto, valoriza o relacionamento, tem a intenção de crescer
juntos, defendido quando necessário, de receber presentes, ser admirados,
respeitados, e essas atitudes devem ser recíprocas para que o amor cresça
continuamente e ambos se sintam satisfeitos.
Amar e se permitir ser
amado de forma madura é um aprendizado para a vida, e certamente compensa todo
esforço e dedicação.
Autor: Colunista do
Site O Segredo
Fonte:
https://osegredo.com.br/
Bênçãos de Amor e Luz
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